
Habacuque - Confiando em Deus em meio a situações difíceis
Livro: Habacuque
Autor: o profeta Habacuque
Data: 605-600 a.C.
Público alvo: o povo de Judá
Motivo: mostrar que os perversos não ficarão impunes diante de Deus
O profeta Habacuque, em um diálogo com Deus, demonstra perplexidade e se queixa diante do mistério da maldade e perversidade não castigada em Judá (1:3), sobretudo pelo fato de os ímpios prejudicarem os justos, semelhante à observação feita no livro de Eclesiastes e a qual também nos questionamos nos dias de hoje: como pode o justo sofrer em diversas ocasiões mais do que o ímpio? Como escreve o profeta em 1:4: "por isso a lei se enfraquece e a justiça nunca prevalece. Os ímpios prejudicam os justos, e assim a justiça é pervertida". Embora escrito há aproximadamente 2.600 anos, pode-se ver uma grande semelhança com os dias atuais, onde em muitas vezes a justiça falha com os que mais necessitam dela.
O Senhor, em resposta (1:5-11), diz à Habacuque que os babilônios serão levantados como instrumento de juízo contra Judá, deixando Habacuque ainda mais perplexo: como pode uma nação pagã, ainda mais perversa que a de Judá destruir gente mais justa que eles? O profeta volta a se queixar com Deus (1:12-17), e numa tentativa de entender a maneira como o Senhor age, faz uma série de questionamentos, entre eles: "...então, por que toleras os perversos? Por que ficas calado enquanto os ímpios devoram os que são mais justos que eles?" (1:13). Quem diria que Deus iria agir dessa forma para trazer juízo à Judá? Na passagem 1:5 lemos: "...pois nos dias de vocês farei algo em que não creriam se lhes fosse contado". Eis aqui um dos exemplos acerca dos mistérios da providência divina, não podemos prever ou até mesmo entender o agir de Deus, mas há de ter fé nos planos divinos.
No segundo capítulo, Deus responde a Habacuque pela segunda vez e diz que o propósito do Senhor será cumprido em breve, ou seja, os babilônios também serão julgados (o que aconteceu em outubro de 539 a.C. por meio de Ciro) e diz que haveria vida para os justos e aflição para os ímpios. O Senhor ainda diz para o profeta: "olhe para os arrogantes, os perversos que em si mesmos confiam; o justo, porém, viverá por sua fidelidade a Deus (2:4) - o que tem sido lema da igreja cristã e que influenciou Lutero durante a reforma protestante (Romanos 1:17). Ainda no capítulo 2, o profeta profere uma série de cinco maldições contra a falta de honradez (2:6), a ganância (2:9), os empreendimentos de edificação sanguinários (2:12), a libertinagem (2:15) e a idolatria (2:18-20).
No terceiro capítulo, Habacuque, em contraste com a perplexidade do início de sua queixa com Deus e já com o coração cheio de alegria, ora à Deus, falando da majestade e da glória do Senhor, declarando firme confiança nos planos divinos: "ainda que a figueira não floresça e não haja frutos nas videiras, ainda que a colheita de azeitonas não dê em nada e os campos fiquem vazios e improdutivos, ainda que os rebanhos morram nos campos e os currais fiquem vazios, mesmo assim me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus de minha salvação!" (3:17-18).
Pontos para reflexão:
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Deus está no controle de tudo e de todos;
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não se pode prever ou entender o agir de Deus - há de ter fé nos planos divinos;
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pensamos que não, mas Deus julgará a todos em Seu tempo;
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vale a pena ser justo, mesmo que possa não haver recompensas no "aqui e agora";
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o justo viverá por sua fidelidade ao Senhor;
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mesmo que nada saia como planejamos, mesmo que tudo desabe ao nosso redor, ainda assim nos alegraremos no Deus da nossa salvação e nos regozijaremos na dor.
Que Deus nos abençoe e possamos viver Sua Palavra. Que tenhamos fé para crer que os planos divinos são melhores que os nossos e que mesmo em meio aos momentos difíceis, o Deus da nossa salvação nos é suficiente.